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Saudade

 Serei a única no mundo?

Foram inúmeras as vezes que ouvi professores, colegas, profissionais, familiares e amigos a dizerem que não sou a única a passar pelo que estou a passar. Qualquer que fosse o contexto ou situação. Contudo interrogo-me se isso terá exatidão. Porque ao longo da vida aprendi que todos somos indivíduos perfeitamente diferentes, que a nossa educação e aprendizagem ao longo da nossa vida fazem de nós o que somos hoje. As situações pelas quais as pessoas passam são diferentes umas das outras. Até mesmo um divórcio dos seus pais. Para mim esse divórcio foi quase como uma necessidade, algo que não compreendi na altura, mas que foi o correto. E ainda hoje olho para trás e questiono-me se todo esse processo de sentimentos também afetaram a pessoa que hoje sou.

As pessoas são todas distintas então porque é que os sentimentos não haveriam de ser também?

Nós resumimos tudo aquilo que sentimos a uma única palavra, como se essa palavra mostrasse exatamente o que nutrimos. 

Sempre me questionei o que era saudade. Porque saudade para alguns pode ser um sentimento completamente diferente do que é para mim e para outros.

Eu sinto que apenas senti saudade cerca de 2 vezes na minha vida. Saudade que pesa, que nos faz tremer, que nos provoca uma dor no peito e na garganta. Mas será que isso era saudade? Ou algo diferente? Por vezes digo “tenho saudades tuas” sem sequer deter esse sentimento que outrora tive. Questiono-me se estou a mentir ou se estou realmente a sentir e a exprimir o que sinto através dessa simples palavra, que pelos vistos demonstra mais de mil sentimentos e não apenas um.

Sei que a vida é imprevisível e que geralmente os nossos planos para o futuro não decorrem como deviam, ou como nós queríamos, que os nossos planos são apenas uma fantasia para nos deixar mais tranquilos, que nos transmite segurança e nos protege do medo do futuro desconhecido.

Não serei a única que sente medo do futuro. Quando os planos seguem um caminho completamente diferente do previsto sinto um enorme peso e me transformo numa completa incógnita. Mas poderei ser a única a sentir o que sinto, porque nem todos os sentimentos que neste momento tenho, os consigo expressar com palavras, e tenho a certeza de que nem todas as pessoas estão neste momento a passar exatamente pelo mesmo. Porque as pessoas que me rodeiam são diferentes, o ambiente é diferente e a pessoa que sou é diferente.

Para alguém que se deitava todos os dias com os fones e a música ligada a criar imagens do futuro e a criar planos e momentos que poderiam acontecer, para depois todas estas imagens ficarem apenas lá, na minha mente. Porque nada é aquilo que eu imaginei. E isso sim assusta-me.

Porém, sei que a mudança é uma incógnita e que o presente sim, é relevante.

Porque no futuro poderei sentir “saudade” do passado.  

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Tenho-me apaixonado pelo silêncio. O vazio traz-me paz. Estar sozinha faz-me parecer virtude. Troco os horários, mas descubro que prefiro o nascer do sol ao pôr. Perco-me nos meus próprios pensamentos e resolvo os meus problemas. Não com uma cura, mas com o silêncio. Calo-os como se fossem apenas palavras. E sinto-me livre. Vazia, porém em paz.